casamento beleza e transcendência
sob o ponto
de vista cristão e bíblico, o casamento é uma instituição natural, inaugurada
por Deus logo após a criação do homem e da mulher, que une duas pessoas de
sexos diferentes, para viverem em companhia agradável, até que a morte ou a
infidelidade contumaz e irreversível de um ou de ambos os cônjuges os separe,
com a finalidade saudável de perpetuar a espécie e passar para os filhos as ideias
de um Deus não criado, Todo-poderoso, criador e sustentador de todas as coisas
visíveis e invisíveis, Senhor e amigo do homem. Assim posto, o casamento é de
origem divina, heterossexual, monogâmico, estável e, salvo casos raríssimos (os
que detêm da parte de Deus o dom do celibato espontâneo), indispensável para a
realização interior do homem e da mulher.
encantamento e obrigações.
Qualquer
comportamento diferente indica a intromissão do pecado original provocado pela
queda do homem e do pecado atual e pessoal.
A prova
disso é que, já em Gênesis, encontram-se várias aberrações progressivas, à luz
da organização inicial do matrimônio: o início da poligamia (4.19), o início da
libertinagem (6.2), o início da sodomia (19.5), o início da relação sexual
entre pai e filhas (19.30-38), o início do estupro (34.2), o início da relação
sexual entre enteado e madrasta (35.22), o início da prostituição (38.12-19) e
o início do desrespeito aos compromissos conjugais (39.7-20). Só não se
menciona algum caso de bestialidade (prática sexual com animais), que, talvez,
já tivesse acontecido, já que um dos mandamentos de Deus proíbe que alguém se
deite com animais (Lv 18.23). Jesus Cristo engloba todas essas
"novidades" na área do sexo como "relações sexuais
ilícitas" (Mt 5.32), expressão que aparecerá outra vez por ocasião do
concílio de Jerusalém (At 15.20, 29). Salvo essas "relações sexuais ilícitas",
o que fica é o sexo lícito a relação
inteira de um homem com sua esposa ou de uma mulher com o seu esposo, em todas
as áreas, inclusive na troca de experiências sexuais, sempre que desejadas, não
importando se delas virá ou não uma gravidez. É preciso perder a noção
multissecular aberta ou oculta no mais fundo da consciência humana de que a
relação lícita é algo menos santo, ou apenas permitido ou tolerado por Deus. O
desejo de acariciar, apalpar, despir e manter um intercurso sexual com o
cônjuge é natural, faz parte da criação de Deus e antecede a queda da raça
humana (Gn 2.24). É natural para ambos os sexos, não apenas para o homem. O que
faz a grande diferença entre relações sexuais ilícitas e relações sexuais
lícitas, sem as inovações antinaturais, é o matrimônio.
Por que nos casamos?
Passados
centenas de séculos, ainda recebemos bonitos e originais convites de casamento,
alguns deles carregados de romantismo. Afinal, por que continuamos a nos casar,
a despeito de alguns pronunciamentos esdrúxulos que se lê nas revistas e se
ouve na televisão, aqui e acolá, tanto de pessoas fúteis como de pessoas de
formação acadêmica, ambas sem orientação religiosa e temor do Senhor?
Amor.
Ainda nos casamos
por causa do amor, que é o sentimento que predispõe duas pessoas de sexo oposto
a se aproximarem e a permanecer juntas. Segundo o Dicionário técnico de
psicologia, amor é aquele sentimento "cuja característica dominante é a
afeição e cuja finalidade é a associação íntima de outra pessoa com a pessoa
amante". Evidentemente, esse amor está ligado de forma íntima à
sexualidade humana, como ensina a psicanálise e como se pressupõe na própria
Bíblia. Um provérbio francês diz que "o amor é como sarampo, todos temos de passar por
ele". O amor é mais do que a mera amizade. Daí a frase : "Quando o
amor nos visita, a amizade se despede". Embora fosse um casamento
arranjado, a Bíblia diz que Isaque amou a Rebeca (Gn 24.67). É conhecidíssima a
história de que Jacó amou a Raquel com tal intensidade que trabalhou 14 anos
para o sogro a fim de tê-la como esposa (Gn 29.18 e 30). As Escrituras ainda
registram o amor de Mical, filha de Saul, por Davi (1 Sm 18.20) e o de Elcana
por Ana (1 Sm 1.5). A paixão é o amor elevado ao seu mais alto grau de intensidade,
podendo sobrepor-se à lucidez e à razão. Não é o caminho mais indicado para o
casamento, porque é imediatista e simplifica tudo. Na paixão, o sexo fica
sozinho e impera à sua maneira, sem outras evidências de amor, como aconteceu
com Amnom, que violentou a mulher pela qual se dizia enamorado e, depois, mandou-a
embora.
Parceria.
Ainda nos
casamos por causa da parceria. Não fomos criados para permanecer sozinhos. São
clássicas e reveladoras as conhecidas palavras de Deus a respeito da criação da
mulher: "Não é bom que o homem viva sozinho. Vou fazer para ele alguém que
o ajude como se fosse a sua outra metade" (Gn 2.18, ). O amor, e a
sexualidade em seu bojo, não é a única razão do casamento, ainda que muito
forte. A união das duas metades para formar uma só carne não se faz apenas por
meio do sexo. Isso enfraqueceria o casamento e o tornaria vulnerável. O
matrimônio é uma associação de idéias, de vontade, de propósitos, de alvos, de
religião, de sacrifícios, de derrotas, de vitórias, de sangue e suor. Em torno da
criação e educação dos filhos. Em torno da fé. Em torno da economia do lar. Em
torno da saúde da família. Em torno do trabalho. Em torno do lazer. Em torno da
felicidade coletiva. A associação é
pequena a princípio, mas pode aumentar para três, para quatro, para cinco ou
para mais pessoas (os pais e os filhos). A associação não significa igualdade
de temperamentos, de aptidões, de energia e de gostos. Mas significa
obrigatoriamente ideais comuns, buscados a dois. Essa parceria, preparada desde
a eclosão do amor antes do casamento (namoro e noivado), uma vez preservada e
abastecida, talvez dê mais força ao casamento do que o amor em si.
santidade.
Ainda nos
casamos por causa da santidade pessoal. Tanto a sexualidade como a sede
interior de Deus são características de nascença. Uma não precisa machucar a
outra. Zacarias e Isabel "eram justos diante de Deus e irrepreensíveis em
todos os preceitos e mandamentos do Senhor" (Lc 1.6). Mas isso nunca os
impediu de ter relações sexuais, mesmo depois da velhice, quando Deus curou a
esterilidade de Isabel para ela dar à luz a João Batista, o maior "entre
os nascidos de mulher" (Lc 7.28). Além da razão dada pelos cientistas a
favor de uma união monogâmica, heterossexual e estável evitar as doenças sexualmente transmissíveis e
o temível HIV, os cristãos têm o compromisso de não prejudicar o seu relacionamento
com Deus por meio de uma relação sexual promíscua.
"Por
causa da impureza", ensina o apóstolo Paulo, "cada um tenha a sua
própria esposa, e cada uma, o seu próprio marido" (1 Co 7.2). Talvez Paulo
tenha se inspirado naquele provérbio de Salomão: "Beba a água da tua
própria cisterna e das correntes de teu poço" (Pv 5.15).
Para
ficarmos sob a proteção das normas e não sob o bombardeio dos ímpetos, nós nos
obrigamos a homologar a lei de Deus, juntando-nos dentro de um acordo de
exclusividade e fidelidade mútuas.
Santidade é aquele estilo de vida que não fere
os mandamentos e imita o Senhor: "Sede santos, porque Eu sou santo"
(1 Pe 1.16). Em todas as áreas. Inclusive na área da sexualidade. É por isso
que Paulo diz que os solteiros e os viúvos, tanto do sexo masculino como do
sexo feminino, "caso não se dominem, que se casem, porque é melhor casar
do que viver abrasado" (1 Co 7.8-9).
repúdio e novo casamento.
Hoje em dia,
o repúdio é praticado tanto pelo esposo como pela esposa, talvez mais por iniciativa
daquele do que desta.
Por que uma
esposa rejeita seu marido? Por que um marido rejeita sua esposa?
As razões
são inúmeras e por vezes muito complexas. Vão desde o choque de temperamentos
até o adultério. A sensibilidade feminina não suporta por muito tempo maridos
brutos, bêbados, malandros, egoístas, explosivos e paqueradores. A
sensibilidade masculina não suporta por muito tempo esposas desleixadas,
ciumentas, gastadeiras, impacientes, briguentas e mandonas. Não há casamento
que tolere infidelidade não confessada e repetida, tanto do esposo como da
esposa. O mesmo acontece quando a preferência sexual dos cônjuges é
homossexual. A enfermidade crônica do esposo ou da esposa, ainda que provoque
grandes problemas, não deveria acabar com o matrimônio. Mas isso só acontece
quando o amor conjugal "é forte como a morte" (Ct 8.6) e o
desprendimento alcançam níveis muito altos. Casamentos costumam acabar quando
há demasiada interferência da parte dos pais dos esposos ou quando estes se
mantêm demasiadamente carentes de pai e mãe e demasiadamente apegados a eles.
Quando não há perdão mútuo, também não há continuidade no casamento. Porque os
cônjuges não são perfeitos e sempre cometem injustiças em seu relacionamento.
Os choques de temperamento, de formação e de herança genética só serão
superados por meio de tolerância e perdão de ambos os lados. Outro imprevisto
que pode balançar o casamento é a esterilidade feminina ou masculina. Essa foi
a experiência de Abraão e Sara, Jacó e Raquel, Elcana e Ana. Em alguns casos, o
problema é inverso. O número alto demais de filhos pode esgotar a saúde da
mulher e abalar a economia doméstica. A solução não é o repúdio e o novo
casamento. Primeiro, porque isso é contrário à lei de Deus e ao bom senso, além
de custar um preço muito alto para os cônjuges e para os filhos. Segundo,
porque, sem as necessárias correções, que poderiam salvar o primeiro casamento,
o matrimônio seguinte continua a correr o mesmo risco de acabar. Antes de se
encontrar com Jesus Cristo, junto à fonte de Jacó, a mulher samaritana tinha
sido repudiada por cinco diferentes maridos (Jo 4. 17-18). O que evita de fato
o repúdio são a santidade de vida e a prática do amor intenso de ambos os
cônjuges o amor de 1 Coríntios 13:
paciente, bondoso, "que tudo sofre, tudo crê, tudo espera, tudo
suporta". É como afirmam os Provérbios (10.12) e a Primeira Epístola de
Pedro (4.8): "O amor cobre multidão de pecados".
TEM
CONTINUAÇÃO.
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