isaque e rebeca
Problemas conjugais provocados pelas
noras e pelo favoritismo
Isaque, o
filho da promessa, era um quarentão quando se casou com Rebeca, neta do irmão
de Abraão, residente na Mesopotâmia (atual Iraque). A essa altura, Sara havia
morrido três anos antes e Abraão já não era viúvo. O casamento de Isaque foi
precedido de muitos cuidados e muita oração. Os noivos se juntaram certos da
inequívoca direção de Deus. Mas Isaque não se ligou a Rebeca apenas porque era
a mulher indicada: ele também a amou (Gn 24.67). À semelhança de Sara, Rebeca
era "muito bonita" (Gn 24.16) e solícita. O primeiro problema do
casal foi a esterilidade de Rebeca durante os primeiros 20 anos de casamento.
Todavia Rebeca não arranjou nenhuma "Hagar" para o marido. Isaque fez
questão de enfrentar a situação adversa por meio da oração. O Senhor ouviu o
perseverante clamor de Isaque, e Rebeca engravidou. Quando nasceram os gêmeos
Esaú e Jacó, o casal comemorava suas bodas de porcelana (20 anos) e Isaque
estava com 60 anos (Gn 25.26). Houve um episódio desagradável que poderia ter
sido evitado se Isaque tivesse aprendido com o erro do pai. Estando muito tempo
em Gerar, Isaque espalhou a notícia de que Rebeca era sua irmã. Mas ele se
traiu, ao ser flagrado em carícias íntimas com sua esposa pelo olhar indiscreto
do rei de Gerar do alto de uma janela (Gn 26.8). Abimeleque estava de olho em
Rebeca e queria levá-la para o palácio certo de que ela era irmã, e não esposa,
de Isaque. Porque Rebeca amava mais a Jacó do que a Esaú e porque Isaque amava
mais a Esaú do que a Jacó (Gn 25.28), a harmonia conjugal e familiar tornou-se
cada vez mais difícil. O casamento de Esaú com duas mulheres hititas no ano em
que os pais comemoravam bodas de diamante (60 anos) complicou ainda mais a vida
do casal, pois as duas noras "amarguravam a vida de Isaque e de
Rebeca" (Gn 26.25). O caldo entornou quando Isaque resolveu abençoar Esaú
e não Jacó, e quando Rebeca resolveu enganar o marido em favor de Jacó e em
detrimento de Esaú. A família estava dolorosamente partida: de um lado Isaque e
Esaú; do outro, Rebeca e Jacó. Os esforços em contrário de um e de outro
produziram muita sujeira ética: engano, mentira, trapaça, desrespeito pelas cãs
e pela cegueira de uma pessoa idosa, ira, desejo de vingança etc. Para evitar o
pior a repetição do que acontecera com
Caim e Abel, Jacó fugiu para a casa dos avós maternos, na Mesopotâmia, onde
viveu muitos anos. Esaú, por sua vez, para agradar o pai, foi à casa de Ismael,
seu tio paterno, e tomou para si mais uma mulher. Chamava-se Maalate e era,
como ele, neta de Abraão (Gn 28.1-9). A essa altura, Isaque, que era meio-irmão
de Ismael, tinha mais seis meios-irmãos, pequenos, filhos de Quetura, segunda
esposa de Abraão (Gn 25.1-4).
Jacó e raquel
Problemas
conjugais provocados pelas trapaças do sogro, do marido, da mulher e dos filhos.
Parece que a
Mesopotâmia nunca saiu por completo da cabeça de Abraão e sua família. Afinal
ali haviam ficado os parentes comuns do patriarca e de sua mulher. Não havia
melhor lugar para arranjar esposa para Isaque e esposa para Jacó. Além de
bonitas, as mulheres do clã de Terá, pai de Abraão e descendente distante de
Noé, provavelmente conheciam o projeto de Deus para aquele ramo da família que
abandonara a região em busca de outras paragens. No caso de Isaque, foi o servo
mais velho da casa que viajou até a Mesopotâmia em busca de uma esposa para o
filho de seu patrão. No caso de Jacó, ele mesmo foi para a terra de seus avós
maternos e de seus bisavós paternos.
rumo à
mesopotâmia
Porque saiu
de casa fugido de seu irmão, depois de ter enganado vergonhosamente o pai e
Esaú, e porque ia para uma terra distante sem ter a menor previsão de quando
voltaria, Jacó estava muito emotivo. Ainda bem que recebeu uma injeção da graça
de Deus no primeiro pernoite, quando o Senhor lhe prometeu uma grande
descendência e a sua companhia. Ao chegar à Mesopotâmia, viu pela primeira vez
sua prima Raquel, que era pastora de ovelhas. Ele mesmo removeu a pedra da boca
do poço e deu de beber às ovelhas do tio Labão, num gesto de gentileza com a
jovem. Depois beijou Raquel, começou a chorar alto e contou-lhe que ele era
filho de Rebeca, a irmã do pai dela. Pouco depois, Jacó já tinha onde morar e
emprego certo, graças a Labão, que o abraçou e beijou. Em menos de um mês, Jacó
já havia se apaixonado por Raquel, que era bonita de rosto e de porte. O dote
seria pago com serviço. Depois de 7 anos de trabalho, Jacó sentiu-se no direito
de receber a mão de Raquel e deitar-se com ela. Mas o sogro o enganou,
dando-lhe a filha mais velha, Lia, que tinha olhos meigos. Porque a noiva era
guardada velada até a noite de núpcias, Jacó teve relações com Lia na certeza
de que estava na cama com Raquel. Só pela manhã, descobriu a astúcia do sogro e
foi tomar satisfações com ele. Passada a semana de festas nupciais, Labão
deu-lhe também Raquel, sob a condição de trabalhar mais 7 anos em sua fazenda
(Gn 29 1-30).
Uma vida infeliz
Poucos
casamentos começam tão mal quanto o de Jacó. Deve ser o cumprimento da lei da
semeadora e ceifa: "O que o homem semear, isso também colherá" (Gl
6.7). Pouco antes de ser duramente enganado pelo sogro e por aquela que deveria
ser apenas sua prima e cunhada, mas agora era também sua esposa, Jacó enganara
vergonhosamente o pai e o irmão. Essa forte propensão para a mentira e o
embuste estava no sangue da família de Jacó, pelo lado da mãe, e não poupou nem
Rebeca nem Labão nem Jacó nem Lia nem os filhos de Jacó. Ao que tudo indica, o
casamento começou, continuou e terminou mal. Talvez tenha sido esta uma das
razões pelas quais Jacó foi obrigado a
confessar ao faraó: "Os anos de minha vida foram poucos e infelizes"
(Gn 47.9, EP). Amando uma mas vivendo a contragosto com duas irmãs com
problemas de relacionamento entre elas nunca resolvidos (como os que haviam
entre ele e seu irmão gêmeo Esaú), Jacó se viu em papos-de-aranha a vida
inteira. Por não ser estéril como a irmã, Lia engravidou quatro vezes seguidas,
sempre com a esperança de conquistar o amor do marido, o que se pode ver pelo
nome que ela dava aos meninos (Gn 29.31-35). Por exemplo, quando nasceu Rúben,
ela disse: "Agora, certamente, meu marido me amará". Ao nascer o
quarto filho, Lia ainda insistiu: "Agora, finalmente, meu marido se
apegará a mim, porque já lhe dei três filhos". Raquel passou a ter inveja
da irmã, entrou em desespero e desafiou o marido: "Dê-me filhos ou
morrerei!" Irritado, Jacó devolveu: "Por acaso estou no lugar de
Deus, que a impediu de ter filhos?" Aí, Raquel deve ter se lembrado da
"feliz" idéia de sua tia-avó e "generosamente" ofereceu sua
criada particular para ser a terceira esposa do marido. Bila logo engravidou e
deu um filho a Jacó. Raquel assumiu a maternidade do recém-nascido e tomou o
nome de Deus em vão (tal qual o marido, quando este disse ao pai que o cabrito
era a caça que Deus havia colocado no seu caminho), ao exclamar: "Deus me
fez justiça, ouviu o meu clamor e deu-me um filho" (Gn 30.6).
lia e Zilpa
versus raquel e bila
A essa
altura, Lia não conseguia engravidar e, porque não queria perder a guerra, fez
o mesmo que a irmã e a tia-avó: deu a Jacó a sua criada particular para ser a
quarta esposa dele. Zilpa gerou dois filhos seguidos para Jacó, que foram
assumidos por Lia.
A guerra
familiar não acabou aí; ficou ainda mais suja quando Raquel desejou as
mandrágoras (plantas tidas como capazes de favorecer a fertilidade feminina)
que eram da irmã e lhe propôs: "Vamos fazer uma troca: você me dá as
mandrágoras, e eu deixo que você durma com Jacó esta noite" (Gn 30.15,
NTLH). Ao che- gar do campo, Lia explicou ao marido que a vez era dela à vista
do negócio feito com a irmã. Nessa noite, a filha mais velha de Labão
engravidou pela quinta vez. Pouco tempo depois teve mais uma criança, cujo nome
revela seu desejo incontido e inútil de ser amada por Jacó: "Agora
dominarei meu marido, pois lhe dei seis filhos" (Gn 30.20, EP).
Só depois do
nascimento de dez meninos (seis de Lia, dois de Bila e dois de Zilpa) e de pelo
menos uma menina é que Raquel, por obra e graça de Deus, engravidou e deu à luz
a José, que seria o mais virtuoso e o mais bem-sucedido dos filhos de Jacó.
Alguns anos mais tarde, Raquel deu mais um filho ao marido, cuja alegria foi
misturada com uma tristeza muito grande, pois a querida ex- -pastora de ovelhas
morreu do parto a caminho de Belém, onde Jesus nasceria quase dois milênios
depois (Gn 35.16-19).
filhos sem o temor do
senhor
Os filhos,
nascidos e criados com muita fartura mas com o mínimo de exemplo da parte do
pai e das quatro mães, deram muito trabalho e tristeza a Jacó. Um deles, Rúben,
o primogênito, teve a ousadia de deitar-se com Bila, a terceira esposa do pai e
mãe de dois de seus irmãos (Dã e Naftali), uma mulher muito mais velha que ele
(Gn 35.22). Diná, filha de Lia, foi agarrada e violentada por um homem chamado
Siquém, filho do chefe de uma das terras de Canaã. Esse crime provocou outro
crime: dois irmãos de Diná, por parte de mãe, Simeão e Levi, mataram à traição
Siquém, o pai dele e todos os homens daquela região. Além do aspecto moral,
essa matança criou uma situação muito perigosa para Jacó, pois atraiu contra
ele o ódio dos cananeus (Gn 34.1-21). Judá, o quarto filho, era um sem-caráter.
Depois de viúvo, deitou-se, como o pai, com uma mulher que tinha o rosto
encoberto, na certeza de que era uma prostituta cultual e a engravidou. Três
meses depois, soube que a nora Tamar, também viúva, estava grávida. Sem ainda
saber que Tamar era a tal mulher que se fez de prostituta para se engravidar
dele, Judá mandou queimar a nora e os gêmeos que estavam no ventre dela. Uma
vez exposto ao escândalo, Judá voltou atrás e a mulher foi poupada (Gn
38.1-30).
Uma das maiores tristezas de Jacó foi o
desaparecimento de José, o primeiro dos dois únicos filhos da única esposa que
ele amou. Era seu filho predileto, o filho de sua velhice (Gn 37.3). O rapaz
tinha 17 anos quando foi vendido por seus próprios irmãos para uma caravana de
ismaelitas (descendentes de Ismael, filho do bisavô deles por parte de Agar).
Seguindo a tradição da família, os autores desse crime mataram um bode,
mergulharam no sangue a túnica de José e a mandaram para o pai para que ele
mesmo concluísse que o filho fora devorado por um animal selvagem (Gn
37.12-36).
Naturalmente
há uma explicação para o fato de que os piores filhos de Jacó foram todos os
quatro primeiros filhos de Lia (Rúben, Simeão, Levi e Judá). Eles nasceram de
um casamento provocado por uma emboscada, sem amor e carregado de ressentimento. Cresceram em um ambiente de competição, de guerra, sem aproveitar as
lições do passado, as experiências dolorosas de seus pais, avós (Isaque e
Rebeca) e bisavós (Abraão e Sara).
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