terça-feira, 6 de janeiro de 2015

CASAMENTO BENÇÃO FEITA POR DEUS..P/04..06/01/2015


CASAMENTO BENÇÃO FEITA POR DEUS...P/04..06/01/2015                                                          

               Da mesopotâmia ao egito via canaã

Os 20 anos passados na Mesopotâmia foram muito sofridos para Jacó (é ele quem o diz). Solteiro, nos 7 primeiros anos, e casado, nos últimos 13. Trabalhando para o sogro mais de dois terços do tempo (14 anos) e para ele mesmo apenas 6 anos. A metade do tempo a serviço do sogro foi para pagar o dote de um casa- mento que ele não pediu nem desejou. A cada 17 meses, o sogro mudava a bel prazer o seu salário. No campo, muito calor de dia e muito frio à noite; em casa, insônia e atrito com as mulheres (Gn 31.28-42). Economicamente valeu a pena, pois Jacó ajuntou um rebanho de bois e jumentos, de ovelhas e cabras tão grande que poderia aplacar a ira de seu irmão gêmeo, oferecendo-lhe 550 cabeças de gado e mais algumas crias de camelas de leite (Gn 32.13-15).
Provavelmente o melhor período da vida de Jacó foram os 17 anos de velhice que ele passou no Egito sob a proteção de José e do faraó. Apesar de todos os problemas, a família do patriarca permaneceu unida. O farrancho todo  Jacó, suas mulheres secundárias (Raquel e Lia já haviam morrido), seus filhos e noras e seus netos (33 de Lia, 16 de Zilpa, 14 de Raquel e 7 de Bila) foram residir na região de Ramassés, a melhor do Egito. Ali, ele se reencontrou com José, o filho de seu grande amor, aquele que estava desaparecido havia 13 anos, do qual se dizia que fora morto por um animal selvagem. Aquele que nunca lhe deu trabalho nem dores. Aquele que nunca matou ninguém (ao contrário de Simeão e Levi), aquele que nunca se deitou com Bila nem com Zilpa (ao contrário de Rúben) nem com a nora (ao contrário de Judá), nem sequer com a mulher de Potifar, que se entregou várias vezes a ele (Gn 39.7-15). Aquele que suportou a injustiça alheia (dos irmãos, de Potifar e do chefe dos copeiros do faraó), dos 17 aos 30 anos de idade.

              Uma família unida, apesar dos pesares

Na velhice, Jacó não perdeu por completo a memória. Mes- mo doente e no leito de morte, ele reuniu todos os filhos, do mais velho (de uns 60 anos) ao mais novo (de uns 50 anos), e os abençoou um por um, misturando história com profecia. Lembrou-se dos predicados, dos defeitos, dos escândalos de cada um deles e fez um resumo maravilhoso da vida de José, a "árvore frutífera à beira de uma fonte, cujos galhos passam por cima do muro" (Gn 49.1-33). E então morreu e "foi reunido aos seus antepassados". Teve o enterro mais longo, mais concorrido e mais sofisticado da história do povo de Deus. Além de todos os familiares (exceto as crianças menores), todos os conselheiros do faraó, as autoridades da sua corte e todas as autoridades do Egito, em carruagens e a cavalo, foram ao sepultamento de Jacó em Canaã (o mesmo trajeto que seria feito muitos anos depois por todos os descendentes de Jacó, por ocasião do êxodo). O corpo embalsamado de Jacó, de 147 anos, foi colocado na caverna de Macpela, no cemitério arborizado comprado por Abraão, onde já estavam seus avós (Abraão e Sara), seus pais (Isaque e Rebeca) e sua segunda esposa (Raquel). (Gn 50 7-14.)
Apesar da guerra familiar, da diversidade das mulheres (esposas e concubinas, mulheres de "primeira classe" e mulheres "secundárias"), da diversidade dos rebentos (filhos "legítimos" e filhos "ilegítimos") e dos dois crimes sexuais cometidos em família  a família de Jacó foi impressionantemente unida, o que não aconteceu com a família de Isaque e de Abraão!

                                      casamento:
encantamento com obrigações e obrigações com encantamento.

Podemos ter três visões a respeito do casamento: a visão demasiadamente otimista, a visão demasiadamente pessimista e a visão prudentemente realista.

           a visão demasiadamente otimista

É a visão romântica demais, de alguns anos atrás, presente nos enredos de certos romances de amor e de certas novelas. As mulheres falam em "príncipe encantado" e os homens, em "a mulher de meus sonhos" ou "a mulher de minha vida". As histórias de amor dessa linha focalizam quase sempre apenas a fase de conquista e terminam com a duvidosa e eufórica declaração: "E foram felizes
para sempre". A esse respeito é oportuno transcrever um parágrafo do artigo "Os casamentos de Charles e 'jogos subterrâneos'", do conhecido psicanalista Contardo Calligaris, publicado na Folha de São Paulo de 14 de abril:
"Romances e filmes de amor, em sua esmagadora maioria, narram as peripécias dos amantes até que consigam se juntar. Depois disso, parece óbvio que eles vivam "felizes para sempre". Infeliz e freqüentemente, nos consultórios de psicoterapeutas e psicanalistas, a história dos casais depois do cartão-postal inicial é contada em versões bem menos sorridentes".
Está dentro desse contexto a história do índio Peri e da não- -índia Ceci, no romance O Guarani, de José de Alencar, escrito em 1857. E também a história dos adolescentes Romeu e Julieta, que se apaixonaram num baile de máscaras em Verona e no dia seguinte se casaram em segredo, já que suas famílias eram inimigas entre si. A peça de William Shakespeare escrita em 1595 termina em tragédia: primeiro Romeu comete suicídio na suposição de que a amada esteja morta; depois Julieta, em face da morte do amado, também se mata.
A desvantagem da visão exageradamente otimista é que os nubentes são muito ingênuos e se casam despreparados. Não admitem dificuldade posterior alguma e não tomam medidas preventivas.
O abandono do romantismo ou do otimismo exagerado talvez tenha ido longe demais. Colocamos na mesma bacia as vantagens e as desvantagens e jogamos tudo fora.

              A visão demasiadamente pessimista

Hoje prevalece a visão demasiadamente pessimista do casamento. Em vez de frases românticas, colecionamos ditados e conceitos chocantes: "O amor é eterno enquanto dura"; "Quando a pobreza bate à porta, o amor voa pela janela"; "O amor faz passar o tempo e o tempo faz passar o amor".
E ouvimos conselhos absurdos: "Se não fosse bobamente moralista, teria tido mais amantes e menos maridos" (Elizabeth Taylor, atriz); "Hoje o que eu consideraria ideal seria poder ter duas, três, quatro mulheres, amigas, namoradas eventuais, e elas  terem dois, três, quatro homens" (José Angelo Gaiarsa, psiquiatra); "Se a gente pensar bem, o casamento nunca foi necessário" (Flávio Gikovate, psicoterapeuta).
Por essa razão, casa-se cada vez menos e cada vez mais tarde. Ao mesmo tempo separa-se cada vez mais (de 81.130 divórcios e 76.200 separações judiciais em 1991 passamos para 129.520 divórcios e 99.690 separações em 2002). Metade dos casamentos na Inglaterra acaba antes de completar 18 meses. Entre os americanos, o índice de divórcio é de 50%. Pela mesma razão, o número de uniões consensuais tem aumentado  das uniões celebradas no ano 2000 no Brasil, 70,5% foram oficializadas, enquanto que 29,5% foram informais.

         a visão prudentemente realista

Do ponto de vista cristão, o casamento é uma instituição natural, inaugurada por Deus logo após a criação do homem e da mulher. Une duas pessoas de sexos diferentes para viverem em companhia agradável uma da outra, até que a morte ou a infidelidade contumaz e irreversível de um ou de ambos os cônjuges os separe.
Mesmo fora do meio cristão, considera-se que o casamento é bom para a saúde física e mental e para a vida sexual. Pessoas casadas têm câncer e problemas cardíacos mais raramente e vivem mais, de acordo com a revista alemã Neus Leben, que se baseou em dados científicos. Entre os casados, o número de suicídios é menor. Ser casado, conclui a pesquisa, é um dos fatores que mais podem influenciar a felicidade pessoal. E, ao contrário do que se afirma com freqüência  que nada é mais prejudicial à realização sexual do que ser fiel a vida inteira, estudos demonstram que pessoas casadas fazem mais sexo do que os solteiros e que a qualidade de vida sexual dos casados é significativamente melhor.
A visão prudentemente realista do casamento não é simplória como a visão demasiadamente otimista e menos negativa do que a visão demasiadamente pessimista. A Bíblia a exalta sobre estas outras.

Primeiro, a Palavra de Deus valoriza tanto o casamento que em seu cânon há um livro que descreve o amor apaixonado de um homem e uma donzela, que trocam entre si juras de amor e elogios de beleza física e sensual. Trata-se do Cântico dos Cânticos, o mais belo dos 1.005 poemas da lavra de Salomão.

Segundo, logo no primeiro livro da Bíblia, conta-se a história das três famílias da era patriarcal (1900-1600 a.C.), sem se esconder os problemas domésticos de Abraão e Sara, Isaque e Rebeca, e Jacó e Raquel. O trecho todo ocupa três quartos do livro de Gênesis (do capítulo 12 ao 50).
Portanto, que haja um equilíbrio entre o sonho apaixonado do Cântico dos Cânticos e a realidade do dia-a-dia do livro de Gênesis, um balanço entre encantamento mútuo e obrigações mútuas.
É isso que nos leva e nos prende à visão prudentemente realista do casamento. Tem razão aquele que acrescentou à passagem do Cântico dos Cânticos "o amor é tão forte como a morte" (Ct 8.6)
estas palavras: "mas tem a fragilidade do vidro"!

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